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Você não é só o que te aconteceu

Talvez você tenha acreditado por muito tempo que é o que te feriu. Que a rejeição da infância, a relação que te apagou, o abandono, a culpa ou a exigência definem quem você é. Mas hoje eu quero te lembrar, com todo cuidado: você não é só o que te aconteceu.


Há algo em você que permanece intacto, mesmo quando tudo ao redor pareceu ruir. E talvez seja tempo de reencontrar essa parte esquecida, escondida, mas viva.


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A ferida não é identidade


Na psicanálise, entendemos que o sujeito constrói sua história a partir dos encontros e desencontros que vive. Mas existe uma diferença entre ser atravessada por uma dor e ser definida por ela.


Lembro de uma das pessoas que atendo que me tocou profundamente. Ela falava sobre sua dor como se fosse a sua própria existência. Como se o trauma fosse o nome dela. Como se aquilo que viveu fosse tudo o que existia em si. E ali, escutando-a com delicadeza, percebi: ela precisava aprender a separar o que sentia do que era. A história do eu. E o eu da história.


Quando você passa por traumas ou experiências difíceis ainda na infância, seu psiquismo pode registrar esses eventos como uma narrativa central. É como se o “eu” se organizasse ao redor da ferida. E, sem perceber, você começa a viver como se fosse apenas aquela dor ambulante, como se não existisse nada além daquilo.

Mas existe.

Existe vida antes, durante e depois da dor.


As máscaras que viram armaduras


Pra suportar a dor, muitas vezes criamos máscaras.

A forte.

A que dá conta.

A silenciosa.

A engraçada.

A controladora.

A que nunca diz não.

E com o tempo, essas máscaras se tornam armaduras.

Protegem, mas também aprisionam.


A dor não é só o que aconteceu, é também o que foi feito com o que aconteceu.

E às vezes, sem perceber, você fez da dor a sua casa casa, um lugar conhecido, um lugar que te impede de arriscar ser outra coisa.


Mas você não precisa mais viver sob o nome da ferida. Você pode reconstruir seu nome.


A fé como lembrança de origem


Deus não te vê pela lente da dor.

Ele te vê pelo que te formou no secreto, pela verdade que existe em você antes das perdas, antes das quebras, antes dos traumas.


Sua história importa, mas não te resume.

A fé te lembra que existe um antes da dor e um depois dela também. Que sua identidade é maior que os capítulos difíceis.


Você não é só a que foi deixada.

É também a que ficou de pé.

Não é só a que sofreu.

É também a que sobreviveu.

E agora, está reaprendendo a viver.


Caminhos para separar identidade e dor


  1. Dê nome às suas experiências, não à sua essência. Você passou por algo difícil, mas isso não é quem você é.

  2. Escreva novas narrativas. Conte sua história a partir da superação, não da ferida.

  3. Permita-se experimentar o novo. Quando a dor domina, o novo assusta. Mas é no novo que a cura respira.

  4. Busque apoio terapêutico. Reconstruir-se exige escuta segura e validação.

  5. Ore como quem se lembra: Deus me conhece por inteiro. E me ama além do que vivi.



Você é mais


Você não é só o que te aconteceu.

É também o que escolhe fazer com isso agora.


A dor pode ter deixado marcas. Mas não precisa mais ser o centro.

Você pode sair do papel de sobrevivente e experimentar o lugar de protagonista da própria história.


Você é mais do que ficou faltando.

Mais do que foi tirado.

Mais do que não deram.

Você é caminho, reconstrução, recomeço.


Selah.

 
 
 

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SelahOrgulhosamente, por Fernanda Gregório Fonseca.© 2025

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