O silêncio que pede voz
- Fernanda Gregório Fonseca
- 2 de ago.
- 1 min de leitura
Atualizado: 4 de ago.
Existe um silêncio que acalma.
Mas também existe um silêncio que pesa, que comprime o peito e que, aos poucos, vai afastando a gente de si mesma.
A psicanálise nos traz que aquilo que não encontra palavra muitas vezes encontra corpo.
O que não dizemos, sentimos.
O que não nomeamos, se acumula.
E esse silêncio guardado demais pode se manifestar em forma de ansiedade, apatia, irritação ou cansaço sem explicação.
No espaço terapêutico, o silêncio não é visto como problema, mas como sinal.
Ele aponta que existe algo ali, ainda sem nome, esperando ser reconhecido.
Porque falar não é só colocar palavras para fora, é criar ordem dentro.

Na fé, a gente também encontra esse movimento.
Jesus se retirava para o silêncio, mas não era um silêncio de negação.
Era um silêncio de encontro.
Ele não evitava falar da dor, Ele nomeava, acolhia, chamava para perto.
O silêncio saudável aproxima, o silêncio pesado afasta.
E é aqui que muitas de nós ficamos presas: acreditamos que falar sobre nossas dores é fraqueza, quando, na verdade, é um ato profundo de coragem.
Romper o silêncio pesado não significa expor tudo a todos.
Significa abrir espaço, seja diante de Deus, seja num lugar seguro, para que a alma encontre voz.
Significa deixar que o que está peso seja compartilhado.
Deus não se assusta com aquilo que você sente.
Ele não teme as palavras que você tem medo de dizer.
E, muitas vezes, a cura começa exatamente aí: no momento em que o silêncio ganha voz e se transforma em encontro.
“Courage, dear heart!”
Selah.
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