O silêncio que ensina
- Fernanda Gregório Fonseca
- 13 de ago.
- 2 min de leitura
Há um tipo de silêncio que não é ausência, mas presença.
Ele não pesa, não oprime, apenas repousa sobre nós como uma manta leve, aquecendo aquilo que o barulho costuma distrair.
Muitas vezes, passamos tanto tempo correndo atrás de respostas, tentando preencher os espaços com palavras, sons, compromisso, que esquecemos de ouvir o que só pode ser percebido quando tudo se acalma.
É nesse intervalo que as feridas respiram, que a mente desacelera, que a alma finalmente tem espaço para falar. Tenho aprendido que o silêncio não é vazio: ele é fértil.

Na clinica, vejo como as pausas, aquelas em que não há nada para dizer, mas tudo para sentir, podem abrir portas que nenhuma pergunta direta abriria.
É como se o silêncio nos ensinasse a esperar sem ansiedade, a confiar sem garantias, a descansar sem medo de ficar para trás.
Quando penso na minha fé, vejo que não é sempre que Deus responde com claridade imediata. Às vezes, Ele apenas se cala, e não porque está distante, mas porque está mais perto do que imaginamos, sustentando o que não sabemos nomear. O silêncio Dele, assim como o nosso, pode ser um convite: não para desistir, mas para permanecer.
Talvez, o que você esteja chamando de “ausência” seja, na verdade, um cuidado que não se apressa. Talvez, o que você sente como “pausa” seja o intervalo necessário para que algo cresça sem ser arrancado antes do tempo. Hoje, permita-se não ter todas as respostas.
Deixe que o silêncio seja mais do que um vazio a ser preenchido.
Quem sabe, nesse espaço quieto, você descubra que a vida não parou, ela apenas está germinando algo que, quando florescer, fará sentido. Selah.
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