As marcas que ficam
- Fernanda Gregório Fonseca

- 6 de ago.
- 2 min de leitura
Nem toda ferida deixa cicatriz visível. Algumas se escondem em silêncios. Em reações automáticas que a gente nem percebe. Em medos que parecem pequenos, mas moldam escolhas inteiras.
As marcas emocionais não aparecem em exames, não pedem curativos, não sangram aos olhos dos outros. Mas elas estão ali, silenciosas. Na forma como evitamos certos lugares. No cuidado excessivo antes mesmo de haver ameaça. Na dificuldade de acreditar que seremos acolhidas de verdade.

Essas marcas não são sinal de fraqueza.
Elas contam uma história.
História de sobrevivência, de estratégias que foram necessárias para suportar o que doeu.
E mesmo que, hoje, essas estratégias pareçam obstáculos, é preciso lembrar que elas nasceram como proteção.
Proteção de quem atravessou o que parecia impossível.
O processo de cuidado não exige que a gente apague essas marcas.
Ao contrário, ele nos convida a olhá-las de frente.
Reconhecer de onde vieram, entender o que ainda carregam, e dar a elas um novo lugar dentro da nossa história.
Não mais como peso que paralisa, mas como parte de quem somos; sem que definam quem seremos.
E é importante lembrar que nossa identidade não está aprisionada ao que aconteceu.
As marcas podem existir, mas elas não têm o poder de encerrar a narrativa.
Há espaço para reconstrução, mesmo quando as cicatrizes permanecem.
Se hoje você olha para as marcas e sente que elas ainda doem, talvez seja o momento de permitir que elas se transformem em testemunho de força e não de dor. Não é negar o que houve. É escolher não viver mais sob o domínio do passado.
Porque marcas podem ser lembranças, mas também podem ser sinais de que houve cura.
E cura não apaga, mas ressignifica.
Selah.
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Obrigada, preciso olhar para a minha cicatriz e entender que elas não me dominam e sim algo que aconteceu mas não me aprisiona e lembra de como sou forte.