Nem sempre o tempo cura tudo. E tá tudo bem.
- Fernanda Gregório Fonseca
- 19 de jul.
- 2 min de leitura
Às vezes você acorda bem, segue a vida, sorri de verdade…
Mas então algo pequeno acontece; um cheiro, um som, uma palavra; e tudo dentro de você parece voltar no tempo.
Como se aquela dor antiga estivesse só adormecida. Não resolvida.
E você se pergunta: “Por que ainda sinto isso? Já devia ter superado.”
Mas e se não for sobre tempo… e sim sobre espaço?

A dor que não foi acolhida, não foi embora.
Só ficou quieta.
Muitas de nós aprendemos a lidar com o passado ignorando-o.
Fingimos que já passou, quando só foi empurrado para um canto do peito.
Fomos chamadas de fortes por não chorar, por não falar, por seguir.
Mas ser forte não é engolir.
É ter coragem de olhar com compaixão para aquilo que ainda dói.
Você não precisa se apressar em curar o que foi profundo.
Não existe um cronômetro da superação.
Traumas não seguem calendários.
Cada ferida tem seu tempo, seu processo, sua história.
E você não está atrasada.
Você está em caminho.
Você não falhou porque ainda sente.
Sentir é sinal de vida.
É seu corpo, sua alma, sua história tentando encontrar um lugar seguro para reorganizar aquilo que foi pesado demais.
Não se julgue por ainda lembrar, por ainda doer, por ainda precisar de cuidado.
Cura não é esquecer.
É lembrar sem se perder.
E isso leva tempo, acolhimento, paciência.
Leva um ambiente onde a dor possa ser ouvida sem ser apressada.
Leva uma escuta que não minimize, um olhar que não cobre, uma presença que permaneça.
Você está se curando, mesmo quando parece que não.
Todo passo em direção ao seu interior é cura.
Cada vez que você se permite sentir, você está se reconstruindo.
A dor não é um sinal de que você voltou atrás.
Às vezes, é um sinal de que agora você está pronta para tocar com mais profundidade.
Caminhos para cuidar do passado que ainda dói:
Reconheça os gatilhos. Nem sempre você está regredindo, talvez só tenha sido tocada em algo ainda sensível.
Valide suas emoções. Dizer “ainda dói” não é retrocesso, é maturidade emocional.
Procure espaços seguros. Terapia, grupos de apoio, amizades acolhedoras, onde for possível ser verdadeira.
Pratique o autoacolhimento. Fale consigo como falaria com alguém que ama.
Celebre pequenos avanços. O fato de estar aqui, lendo isso, já é um sinal de que algo está florescendo.
Você está mais inteira do que imagina
Nem toda ferida precisa desaparecer para que você seja feliz.
Algumas se tornam cicatrizes.
E cicatrizes são marcas de sobrevivência, não de falha.
Você pode olhar pro passado com ternura.
Pode cuidar do que ainda dói com paciência.
E pode viver dias bons mesmo quando ainda há dias difíceis.
O tempo sozinho não cura.
Mas você, com amor, pode curar o tempo dentro de você.
Selah.
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