Nem sempre o céu responde em voz alta
- Fernanda Gregório Fonseca

- 16 de jul.
- 2 min de leitura
Existem dias em que a gente ora e o céu parece mudo. Dias em que as palavras saem do peito, mas não voltam em forma de resposta. Em que a fé não some, mas também não aquece como antes. E tudo o que resta é o silêncio.
Talvez você esteja vivendo um desses dias.
E se estiver, quero que saiba: você não está só e nem menos amada.
O silêncio não é ausência.
Às vezes, é presença profunda demais para ser dita.

Quando orar parece gritar no vazio
Já ouvi de algumas das pessoas que atendo que o momento mais difícil da caminhada espiritual é quando parece que Deus não responde. Elas continuam orando, buscando, confiando; mas tudo ao redor soa quieto, imóvel, distante.
Esse silêncio dói porque rompe a lógica da nossa urgência. A gente quer direção, sinal, resposta. E quando não vem, o peito se enche de perguntas: será que estou sendo ouvida? Será que fiz algo errado? Será que Deus se afastou?
Mas e se esse silêncio não for um castigo, e sim um cuidado?
A alma também precisa de pausa
Na escuta terapêutica, sabemos que nem sempre é a fala que cura.
Muitas vezes é o espaço entre as falas, o tempo de processar, o intervalo para sentir.
Com Deus, pode ser parecido. Às vezes, o silêncio é o tempo em que Ele está trabalhando onde você não vê. É o espaço onde você se encontra consigo. Onde a fé deixa de ser sentimento e passa a ser decisão.
Silêncio não é rejeição.
É profundidade.
É um convite a se ouvir também.
Fé que respira quieta
A fé não se prova quando tudo faz sentido. Ela se aprofunda quando tudo parece confuso. E mesmo assim, você escolhe permanecer.
Deus não é só aquele que responde, Ele é também aquele que sustenta. Que caminha em silêncio ao seu lado, que te observa com amor enquanto você atravessa o vale com passos cansados.
Nem sempre o céu responde em voz alta. Mas isso não quer dizer que Ele não esteja ali. Às vezes, Deus fala no silêncio. Outras vezes, Ele apenas está.
E estar, para um Deus que é amor, já é resposta.
Quando o silêncio dói, lembre-se:
Você não está sendo ignorada. O tempo de Deus é diferente. E a presença Dele não depende de resposta imediata.
Continue orando, mesmo sem palavras. Às vezes, o choro é a oração mais honesta.
Busque escuta humana também. A fé e o cuidado emocional caminham juntas.
Dê nome ao que sente. Sentir tristeza, dúvida ou cansaço espiritual não te torna menos mulher de fé.
Espere com mansidão. Deus não se atrasa. Ele cuida em silêncio também.
O céu ainda está ouvindo
Se hoje tudo está quieto, não se desespere.
O céu não se fechou.
O amor de Deus não depende de barulho.
E a sua fé não será medida pela intensidade da resposta, mas pela constância da entrega.
Nem sempre você vai ouvir algo.
Mas vai perceber que foi sustentada.
E isso já é milagre.
Fé não é só ouvir Deus.
É continuar mesmo quando tudo parece calado.
É crer que, no tempo certo, o silêncio vai virar canção.
Selah.
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