A pausa que sustenta a oferta
- Fernanda Gregório Fonseca
- 31 de jul.
- 2 min de leitura
Servir é um ato de amor.
É resposta à fé, à gratidão, àquilo que um dia nos alcançou.
Mas servir também exige fôlego.
A gente aprende a oferecer, a entregar, a estender a mão.
E muitas vezes faz isso com alegria, com disposição, com coração inteiro.
Mas existe um ponto em que o corpo começa a pesar, a mente começa a dispersar e o coração começa a se afastar do sentido.
Não porque o amor acabou ou o servir perdeu a graça, mas porque a pausa foi esquecida.

Na psicanálise, vemos que o excesso de entrega contínua, sem intervalos de recuperação, desgasta mais do que qualquer peso externo.
A mente não sustenta indefinidamente um fluxo sem descanso.
E, quando não paramos, o que era expressão de vida começa a se tornar apenas dever.
Na fé, esse princípio também se revela.
Jesus não apenas servia, Ele também se retirava.
Ele não via a pausa como interrupção, mas como parte essencial da missão.
Era no silêncio, na oração e na quietude que Ele se abastecia para voltar a servir.
Servir sem pausa é como oferta de um jarro de água ao sol, que aos poucos vai secando.
A oferta continua, mas aos poucos perde frescor, profundidade, força.
A pausa, ao contrário do que parece, não atrapalha a entrega; ela sustenta.
É ela que mantém o servir vivo, verdadeiro e cheio de sentido.
Talvez hoje o seu servir esteja cansado.
E, se estiver, isso não significa falta de fé ou ingratidão.
Significa que você precisa parar para reencontrar a fonte.
Porque a pausa não é recuo.
A pausa é sustento.
Deus não se alegra de uma entrega exausta, feita por obrigação.
Ele se alegra de uma entrega que vem de um coração abastecido, inteiro, vivo.
E para isso, é preciso se permitir pausar.
A pausa não diminui a oferta.
A pausa a enriquece.
Ela devolve ao servir a força que só pode vir de um coração renovado.
Que todas nós possamos pausar sem culpa, com sabedoria e alegria.
Selah.
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