Quando voltar pra si é o maior recomeço
- Fernanda Gregório Fonseca
- 11 de jul.
- 3 min de leitura
Voltar pra casa dentro de si
Depois de tantos textos percorrendo dores silenciosas. A sobrecarga, o vazio, a autossabotagem, os traumas que moldam vínculos e talvez este seja o momento de falar sobre um retorno.
Um tipo de recomeço que não começa fora, mas dentro.
Voltar pra si é como voltar pra casa depois de anos morando em lugares emprestados. Lugares onde você precisou se moldar, se calar, se esconder. Onde aprendeu a sobreviver, mas nunca se sentiu realmente pertencente.
E então, um dia, algo muda.
Pode ser uma pausa.
Uma lágrima.
Uma oração sussurrada.
Um espaço de escuta.
Algo que te convida a voltar. Não ao passado, mas a si.

O processo de voltar pra si é lento, mas libertador
Na psicanálise, compreendemos que o eu verdadeiro muitas vezes fica encoberto por camadas de adaptação. Máscaras emocionais que você vestiu pra se encaixar, proteger, agradar, sobreviver. E com o tempo, essas máscaras vão se confundindo com identidade.
Voltar pra si é desfazer essas camadas. Não à força. Mas com verdade. É reaprender a escutar sua voz interna. É ter coragem de existir sem pedir licença.
E isso não acontece de uma vez. Acontece no pequeno, na decisão de respeitar um limite, no ato de dizer o que sente, no momento em que você se escolhe sem culpa.
Não é egoísmo. É reencontro
Muitas mulheres foram ensinadas (ou apenas repetem padrões vistos desde muito cedo), que se cuidar é egoísmo. Que pensar em si é pecado. Que existir com verdade é exagero. Mas isso também é parte da distorção herdada.
Se anular nunca foi nobre. Foi mecanismo.
E agora, voltar pra si é dar dignidade à própria existência. É se tornar abrigo ao invés de depender de abrigos instáveis.
Se cuidar é essencial.
E é sobre isso que estamos tratando neste texto: a importância de voltar-se para dentro, de oferecer a si mesma o cuidado que por vezes é sempre oferecido ao outro. Mas esse é apenas um lado da história.
Em um próximo momento, vamos falar sobre como o cuidado com o outro também é parte da essência da mulher, não como obrigação, mas como expressão de presença, vínculo e amor saudável.
A fé como caminho de reconciliação
Voltar pra si também é espiritual. Porque o Deus que te conhece por dentro não te chama pra ser o que os outros esperam.
Ele te chama pelo nome.
Ele não te exige inteira antes de te receber.
Ele caminha contigo enquanto você se refaz.
A fé não anula sua história, ela dá sentido a ela.
E te sustenta no processo de voltar pra si mesma, sem se perder.
Como começar esse retorno
Silencie um pouco os ruídos. A sua voz interior é sutil. Precisa de espaço pra ser escutada.
Acolha suas partes rejeitadas. O que você costuma esconder pode ser o que mais precisa de cuidado.
Desfaça o pacto com a culpa. Cuidar de si não é abandono dos outros. É presença com qualidade.
Reconstrua-se com apoio. Terapia é esse espaço seguro onde voltar pra si não dói tanto.
Ore como quem volta pra casa. Não precisa performance. Só presença. Só verdade.
Você é sua casa
Não é sobre se reinventar completamente.
É sobre voltar. Pra dentro. Pra origem. Pra essência.
Você não precisa mais morar em versões criadas pra agradar. Pode voltar a ser quem sempre foi antes do medo, da exigência, da dor.
E talvez, ao voltar pra si, descubra que nunca esteve totalmente perdida.
Só estava cansada.
E agora é tempo de descansar em si mesma.
Selah.
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